“Se os executivos pensassem como os designers…” Parte II

“Se os executivos pensassem como os designers…” Parte II

A simplicidade tem valor

Pense em um objeto que você adora. É possível que se trate de algo complexo o bastante para desempenhar bem sua função, mas sem complexidade excessiva. Em outras palavras, uma solução elegante –e não existe melhor exemplo de simplicidade e elegância do que o “pretinho básico”.

O aspecto mais notável da peça (criada na década de 1920 por Coco Chanel) é a simplicidade. O “pretinho básico” não enfeita nem “encerra o assunto”, mas funciona como uma “tela” adaptável a cada necessidade: com um colar de pérolas e saltos altos, vira um traje elegante; com um lenço vistoso e sapatos baixos, garante um visual produzido. Com infinitas possibilidades, é um dos itens mais versáteis do guarda-roupa feminino. Mas a peça vai além da funcionalidade para chegar à elegância: tem o essencial e nada em excesso.

E se o “pretinho básico” inspirasse uma estratégia? Chegaríamos a propostas compreensíveis a todos (e não apenas aos criadores), sem ser banais nem óbvias. Talvez tivessem como principal importância a capacidade de enfatizar os aspectos positivos e também apontar os negativos, sempre na esperança de um futuro melhor.

 

É preciso inspirar

Um dos fatos mais tristes sobre a condição do business design é a mediocridade: nem sequer tentamos envolver nossa plateia em um nível emocional, quanto mais inspirá-la. Mas a diferença entre as grandes criações e aquelas “apenas boas” é o modo como as primeiras nos convidam para algo maior.

Vejamos o caso da Bay Bridge e da Golden Gate Bridge, ambas em São Francisco, Califórnia. A primeira permite chegar ao outro lado, assim como a segunda – mas esta também se destaca, simboliza e encanta. Assim como a Sydney Opera House, virou um cartão-postal da cidade. Quantas de nossas estratégias se parecem com a Golden Gate Bridge? Acredito que poucas, infelizmente.

 

É preciso dominar as habilidades essenciais

Todas as invenções vistas até agora são criativas, persuasivas, elegantes e inspiradoras, mas tiveram êxito porque também funcionam bem, o que decorre do uso adequado do aspecto técnico. O teto em forma de velas de barco da Sydney Opera House exigiu maestria dos engenheiros, e a parte externa do Guggenheim de Bilbao, recoberta de titânio, só foi possível com a ajuda de sofisticados projetos feitos em computador. Além disso, o “pretinho básico” fez sucesso porque Chanel inovou no uso de um tecido sintético, o jérsei.

 

Quem observa a tela Primeira Comunhão, de 1895, encontra sinais de uma técnica extraordinária, como revelam as camadas de branco no vestido na menina. Quem é o autor? Pablo Picasso, que aos 14 anos já dominava as técnicas artísticas convencionais. Vejamos o caso de Guernica, pintada por ele em 1937 para registrar o ataque aéreo dos nazistas à cidade basca de mesmo nome. Há poucos aspectos convencionais nessa pintura, considerada uma das manifestações antiguerra mais famosas da arte moderna. Picasso, que nessa época já tinha fama de ser um dos artistas mais influentes do século 20, não se deteve na técnica convencional e usou seu talento para ampliar os limites da arte.

OBS: A terceira e última parte desse conteúdo continua no próximo post. 😉

 

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