Como quantificamos a felicidade da equipe – e por que isso importa

Como quantificamos a felicidade da equipe – e por que isso importa

Esse tema é tão interessante que dá vontade de escrever dezenas de posts e compartilhar processos e referências, mas vou focar em algumas coisas que acho que talvez possam ajudar. Essa leitura deve levar 7 minutos e, ao final, minha intenção é que você:

  • Por que a felicidade da equipe importa
  • Entenda como fazemos na Zehnk toda segunda-feira
  • Tenha referências para se aprofundar, se necessário

Felicidade = sucesso?

Vamos falar um pouco antes de entrar na prática…

Para você, (1) as pessoas são bem-sucedidas porque são felizes ou (2) são felizes porque são bem-sucedidas?

Pense um pouco…

 

Apesar da resposta pelo senso comum ser a segunda (2), segundo pesquisas, um grande número de estudos mostra que o faz mais sentido é a primeira (1)!

Portanto, a felicidade precede resultados importantes e é um dos indicadores de prosperidade. Ou seja, o que foi demonstrado é que as pessoas felizes vendem mais, ganham mais dinheiro, custam menos, apresentam uma probabilidade menor de pedir demissão, são mais saudáveis e vivem mais.

Segundo Jeff Sutherland, “a felicidade é crucial para o seu negócio e, na verdade, é um indicador da receita melhor do que a maioria das medidas que o seu CEO fornece”.

Isso também demonstra que, mais do que o resultado ou a chegada (ou ser bem-sucedido), o que importa muito (e precisamos aprender a trabalhar com isso) é o processo, a jornada da equipe.

estrada deserta com montanhas e tempo nublado

Então basta eu ficar feliz e serei bem-sucedido? Felicidade = Sucesso? Se a vida fosse essa matemática e precisão, tudo seria mais simples. No entanto, como diria Fernando Pessoa, “viver não é preciso”.

Aqui, na Zehnk, usamos um método para acompanhar esse processo da equipe, veja só.

Um ritual para falar sobre o trabalho – A retrospectiva

Na Zehnk, usamos o Scrum como metodologia de trabalho. Em resumo é uma metodologia (e cultura) ágil para gestão de projetos, muito usada na indústria de softwares.

Uma parte dessa metodologia é a Retrospectiva, que é um “ritual” (como assim são chamadas as reuniões) que acontece ao final de cada ciclo de trabalho. No nosso caso, escolhemos a periodicidade semanal. Na retrospectiva, fazemos uma avaliação do que foi feito no período, visando promover uma cultura de melhoria contínua. Olhamos os pontos positivos da semana, os negativos também e o que faríamos diferente a partir daí.

A reunião de Retrospectiva (que chamamos amigavelmente de “Retrô”) serve também para tangibilizar o que falamos sobre felicidade, pois, no meio dos assuntos falados, acabam surgindo pontos que, se melhorados, nos ajudam a seguir melhor, ou “mais felizes”.

Em outro post detalharemos melhor o que é a Retrospectiva e o Scrum propriamente dito. Mas vamos lá para ver de fato como fazemos.

Como quantificamos a felicidade da equipe na Zehnk

Como falei, toda segunda-feira, por volta de 18h, o Cláudio Barizon nos chama para fazer a “Retrô”. Aqui vem o primeiro ponto: o papel do Barizon é o de facilitar a reunião. Ele tem como responsabilidade acompanhar o processo do Scrum na Zehnk, lembrando-nos dos horários de reunião, acompanhando as métricas e etc.

Com a equipe reunida, ele distribui post its e canetas e nos dá um tempo para pensar e escrever individualmente em cada papel:

  • O que foi bom nesse período?
  • O que poderia melhorar (pontos negativos)?
  • O que faríamos diferente?
  • Uma nota para a semana (entre 0 e 5) e por quê?

Eu gosto de chamar de Que bom, Que pena e Que tal, mas isso é outro papo.

Depois, repassamos cada ponto desses: primeiro o que foi bom, quando cada um fala os seus pontos escritos nos post-its; depois o que poderia melhorar, e assim por diante. Na hora de falar a nota que cada um deu para a semana (ou sprint), nós também dizemos o porque da nota não ser cinco, exemplo:

Barizon: Vinicius, qual a sua nota?

Vinicius: 4,8.

Barizon: Por quê? O que precisaria para a sua nota ser cinco?

Vinicius: Ah, essa semana foi muito truncada, pois tivemos muitos feriados e a reunião de terça foi muito extensa..

Na imagem a seguir o Barizon está recolhendo os post its e agrupando no quadro.

Claudio Barizon colando post-it no quadro

No meio do processo surgem coisas como:

  • “Que bom que agora temos café!”
  • “Foi ruim ficar muito tempo sem subir uma versão nova para o ar…”
  • “Que tal fazermos uma reunião de alinhamento da empresa?”

A mudança acontecendo

O facilitador ou facilitadora, no caso o Barizon, tem um trabalho pós-reunião de sistematizar tudo o que falamos para dar visibilidade e transparência à empresa toda. Ele assegura que tudo o que for possível fazer para resolver os problemas será feito e encaminhado.

Como participante da reunião acho essa parte fundamental, pois, se nada for feito, pode desmotivar a participação em futuras reuniões: o encaminhamento de ações é parte do ciclo de melhoria contínua.

É claro que usamos o Zehnk para registrar essas ações. Temos um Workspace chamado “Retrospectivas”, onde ao final de cada sistematização, o Barizon nos notifica pela Conversação a atualização, veja:

workspace da retrospectiva

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Utilizamos o Workspace para:

  • Colocar as ações que saíram da retrospectiva para acompanhamento;
  • Notificar as pessoas da atualização (imagem);
  • Anexar os arquivos que resumem cada reunião e gráficos de clima da equipe;

Ele também junta as notas semanais em um gráfico, tornando visível e tangível o clima da semana da equipe. Isso é bom pois podemos acompanhar o clima e até ver como esse gráfico está em relação ao que foi produzido. Veja o gráfico (real!) do nosso clima:

Legal, né? Dá para fazer observações com o que houve de importante em cada subida ou descida dessas.

Recapitulando

  1. Reúna a equipe;
  2. Escolha alguém para facilitar;
  3. Individualmente escrevam os pontos (o que foi bom, o que foi ruim, o que faria diferente e nota da semana);
  4. A pessoa que facilita repassa cada ponto por vez, até fechar com as notas;
  5. Anota os encaminhamentos e propostas e sistematiza os pontos no Zehnk;

Espero que esse texto tenha sido útil ou inspirador para você. Se quiser saber mais, mande dúvidas, comentários ou sugestões para team@zehnk.com, ou nos comentários do blog.

Quer saber mais?

Em breve vamos escrever mais sobre o Scrum e processos de trabalho.

Por hora, separamos um livro bem legal que citamos no texto e um artigo também caso queira aprofundar o tema.

Livro: Scrum: A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo, de Jeff Sutherland (cocriador do Scrum)

Artigo:  The Benefits of Frequent Positive Affect: Does Happiness Lead to Success?, de Sonja Lyubomirsky, Laura King e Ed Diener.

(Editado!) Segundo indicações do Éverton Bueno (um dos nossos usuários parceiros nessa jornada), indicamos dois links que tem relação com o assunto. Eu dei uma olhada e parecem bem legais:

Blog: Felicidade no trabalho, do Matheus Haddad.

Blog: Feedback ao invés de desempenho, também do mesmo autor.

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12 Replies to “Como quantificamos a felicidade da equipe – e por que isso importa”

  1. Muito bacana o post,

    Esse assunto é tão bacana, vou tentar não alongar muito o assunto, cada equipe tem seus métodos para medir a felicidade, e deve ser escolhida em conjunto (não é um que chegar e diz “vamos usar isso agora”) por experiencia própria isso não funciona, as ideias, sugestões e etc… devem ser sugeridas em equipe (Pode ser feita na Restropectiva da Sprint), vou falar de duas práticas que já apliquei e realmente aconselho muito as pessoas a utilizarem, eu conheci essa dinâmica através do Matheus Haddad (Em uma de suas palestras), as duas dinâmicas (Feedback Canvas e Happy Canvas), a primeira é um feedback que um dos colaboradores solicita a equipe (aqui deve deixar ele (colaboradora) tomar a iniciativa, não deve forçar a barra), ajuda de mais na formação do profissional e o caminho que ele pode seguir, o outro é para medir o indicie de felicidade da equipe (happy canvas), extremamente fácil de usar e a colaboração da equipe é fantástica, só citei duas, é claro que existe inúmeras práticas para essa situação, mas gostaria de deixar essas duas sugestões.

    Abraços,

    Éverton Bueno Lima.

    1. Fala, Éverton! Bom te ver por aqui. Legar ver que você que nos acompanha há algum tempo também segue essa mesma cultura (não é por acaso!) =]

      Muito bom ponto sobre haver o consentimento da equipe sobre o método, afinal, colaboração imposta é um pouco paradoxal! Já passei por isso em um projeto (no caso eu estava “impondo” a colaboração na equipe), foi um grande aprendizado..

      Você tem algum link ou indicação de leitura sobre essas duas metodologias? Posso colocar no post como indicação sua. Abraços!

  2. Primeiro, gostaria de parabenizar o time por este processo que parece funcionar muito redondinho aí.
    Por outro lado, por muitas vezes, o politicamente correto (ou receio de retaliações) nos impede de ser exatamente sincero e claro na parte do que não vai muito bem.
    Minha experiência me mostra também que quando estamos muito infelizes no trabalho, acabamos chegando a um ponto de não externanar isso nunca.
    Gostaria de sugerir para o futuro um outro método de seus colaboradores dizerem o que poderia melhorar de forma anônima, como uma pesquisa de clima informal. No meu modo de ver, isso daria também a visão dos assuntos delicados que mexem com sua equipe. (Um mural online na intranet pode ser uma solução barata e eficaz)

    1. Oi, Filipe, muito legal que gostou! Achei suas observações muito boas, gostaria de ouvir melhor suas experiências, se quiser contar.

      Concordo contigo, e no próprio livro que menciono o autor sugere que é necessária uma dose de maturidade para isso funcionar mesmo! Com relação a isso acho que o nosso método semanal é bem rápido, e às vezes pode ser necessário algo mais profundo ou mesmo usando outras abordagens como você falou.

      Já aconteceu com você de não conseguir falar o que pensava no ambiente de trabalho? Um abraço!

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