Como ‘Gameficamos’ o Processo de Seleção da Zehnk. Parte 1 de 3.
Como “gameficamos” o processo de seleção de analista de marketing digital da Zehnk? Quer ser um Zehnker? Prepare-se para jogar.
Decidimos, numa reunião entre os fundadores da Zehnk, numa quarta-feira desse verão insuportável do Rio de Janeiro, que precisávamos de alguém interno para o Marketing Digital. Ainda que continuemos a contratar serviços de agências, precisávamos de alguém em tempo integral implementando a estratégia que decidimos em dezembro, junto com os nossos acionistas.
Antes de seguirmos, uma atualização: este post, sobre o nosso primeiro processo de seleção, ficou muito grande. Ou o assunto é muito bom mesmo, ou eu, novato na arte de escrever posts, não sei bem o que estou fazendo. De qualquer forma, para tentar ser mais atrativo, quebrei em 3 partes: (1) O Processo de Seleção; (2) Estatísticas e Resultados e (3) Com a Palavra, os Candidatos.
Então, era simples, né? Bastava contratar alguém…
O Problema
Bem, nem tão simples assim. Cláudio, Jesuíno e eu nos olhamos e olhamos as nossas redes de relacionamento… Não conhecíamos ninguém ou quase ninguém na área de marketing. Por onde começar? Era o fim da tarde do dia 25 de janeiro. Fomos “dormir” com essa ideia na cabeça. No dia seguinte, passamos envolvidos com definições da nossa futura app e, lá pelas 3 horas da tarde, voltamos na questão da contratação. Até que um de nós deu uma ideia, não me lembro quem: – e se publicarmos uma vaga no LinkedIn? Isso deve funcionar. A toda hora as pessoas publicam lá.
Às 15h38 do dia 26 de janeiro, publicamos a vaga: “Zehnk contrata Analista de Marketing Digital para trabalhar com redes sociais, SEM (Search Engine Marketing) e conteúdo”. E voltamos para o assunto da app.
Eram 17h22 quando eu levantei para tomar um café. Na volta, abri o LinkedIn. Pensei: vou dar uma olhada naquela vaga… Será que alguém se candidatou? E não é que já tínhamos 22 candidatos à vaga! Às 8h da manhã do dia seguinte, sexta-feira, eram mais de 100.
Hora de chamar uma reunião de emergência:
– Gente, se continuar assim, não daremos conta – falou um dos sócios.
– Pois é… Temos que inventar algo diferente – completou o outro.
Então tivemos uma ideia. Atualizamos o anúncio no LinkedIn, dizendo que só aceitaríamos candidatos até as 18h em ponto daquele mesmo dia. E começamos um processo seletivo diferente: criamos a “gameficação” do processo de seleção de analista de marketing digital.
Primeiro passo: criar uma landing page específica para os candidatos e candidatas.
E invertemos a ordem das coisas. Não seríamos mais nós que faríamos uma triagem. Resolvemos partir para um jogo. Ou, como está muito na moda no mercado de software, fizemos uma “gameficação”. Isso mesmo, uma competição no processo de seleção. E a primeira triagem seria ver quem toparia participar de uma forma diferente de seleção.
Às 18h em ponto, pouco mais de 24 horas depois de abrirmos a vaga, a cancelamos no LinkedIn. Eram 244 candidatos e candidatas. Uma rápida amostragem dos perfis já dava para perceber muita gente boa ali. O jogo iria começar! E precisávamos entender, dessa multidão de candidatos, quem estaria realmente disposto a se tornar um Zehnker.
Como foi a “gameficação” do processo de seleção: o desafio.
Enviamos um e-mail com o desafio para os 244 inscritos. Basicamente, aqueles que quisessem uma vaga na Zehnk deveriam:
Primeira Parte do Jogo:
- Criar uma conta no Zehnk (deveriam ir na landing page específica que criamos para eles e, de lá, totalmente gratuito, criar uma conta no Zehnk);
- Já dentro do Zehnk, deveriam criar um espaço de trabalho (chamamos de workspace no Zehnk), dar o seu próprio nome àquele workspace e, no objetivo do workspace colocar a pretensão salarial.
- Na nuvem de arquivos do workspace deveriam fazer upload de, ou colocar links para: o currículo, portfólio e demais materiais que pudessem demonstrar o trabalho prévio de cada um.
Nós não estipulamos um salário, nem mesmo uma faixa salarial. Tão pouco estipulamos se o cargo seria preenchido com um estagiário, uma pessoa júnior, pleno ou sênior. Dissemos, no e-mail que foi para todos, quem era a Zehnk, o que a pessoa teria de responsabilidade caso fosse contratada. Não queríamos descartar ninguém. Quem se achasse qualificado ou quisesse se desafiar, que viesse.
Feita esta primeira parte, começaria o jogo de verdade. Eram 5 tarefas obrigatórias:
Segunda Parte:
- Analisar a Zehnk, seus concorrentes, o mercado de softwares de colaboração e propor uma abordagem geral de marketing. Em dois parágrafos! Poder de síntese seria levado em consideração aqui.
- Coerente com a abordagem proposta, queríamos que usassem a ferramenta, usassem o Zehnk. Nas tarefas do workspace que criaram deveriam delinear um plano de ação para o marketing em alto nível. Este plano de ação deveria prever, pelo menos: uma campanha para o Facebook, uma campanha com o Google AdWords e um Press Release a ser distribuído para blogs conceituados no mercado de tecnologia.
- Para a campanha do Facebook, queríamos, pelo menos, um post para que analisássemos criatividade e capacidade de gerar conteúdo.
- Para o AdWords, pedimos a mesma coisa: um anúncio, incluindo aí a delimitação do público alvo escolhido para a campanha de busca.
- Finalmente, pedimos que escrevessem um Press Release, que coubesse em uma folha A4.
Terceira Parte:
- Ao finalizar (ou desde o início, se quisessem), deveriam convidar para fazer parte do seu espaço de trabalho a mim, o Cláudio e o Jesuíno, os três fundadores da Zehnk.
Então, começaria a fase de avaliações. Mas vou confessar uma coisa para vocês: a nossa expectativa era que, dos 244 candidatos inscritos, uns 24 (10%) topassem passar por este trabalho todo para trabalhar em uma startup. Até porque, logo de cara, no e-mail que mandei convidando para o desafio, fui bem claro ao dizer o que tínhamos a oferecer: trabalho de startup (ou seja, muito trabalho!) com salário de startup (ou seja, pouco salário).
Dos 244, 75 toparam. Inscreveram-se no Zehnk e começaram o jogo. Eles teriam 4 dias para finalizar tudo, contando sábado e domingo. Na terça-feira, às 18h, encerraríamos o processo.
Como gamificamos o processo de seleção: critérios.
Estávamos preocupados em estabelecer um critério, ou conjunto de critérios, objetivos. Afinal, se é uma gameficação, um game, precisa ter pontuação. Não divulgaríamos, porque queríamos também, talvez até acima de tudo, observar o comportamento dos candidatos. Quem desistiria fácil? Quem não entenderia o jogo? Como se comportariam em cada tarefa? Como seria a interação com a gente? Mas, de qualquer forma, precisávamos de critérios e criamos alguns:
Currículo acadêmico, experiência profissional, portfólio, uso do Zehnk, cumprimento de todas as etapas, qualidade da abordagem de marketing, qualidade do plano de ação, qualidade do post para o Facebook, qualidade do anúncio para o AdWords, qualidade do Press Release, gramática, inovação e qualidade geral do conteúdo. Ufa! Para cada um desses itens daríamos notas e pesos: zero (não cumpriu com o item), 1 (cumpriu com o item), 2 (atingiu a expectativa de qualidade) e, 3 (excedeu todas as expectativas).
Ainda assim, analisar 75 candidatos não seria moleza. Nos propusemos a encerrar as análises e dar um retorno aos candidatos até sexta-feira, dia 03 de fevereiro. Os candidatos iam entrando, se inscrevendo no Zehnk, criando seus workspaces para o desafio e nós íamos ficando ansiosos, querendo ler logo tudo o que escreviam sobre a Zehnk.
Tempo Esgotado
Chegou a terça-feira, 18h. Quem cumpriu, cumpriu. Hora de pontuar. E começamos as análises. Percebemos, de cara, que muitos ficaram pelo caminho. Desistiram. Não completaram todas as tarefas. Alguns se limitaram a subir seus currículos. No total, 43 candidatos cumpriram com tudo o que foi exigido e 32 foram desclassificados. E lemos cada material gerado, demos nota para cada critério que estabelecemos. Aos poucos, já percebíamos que haviam mais ou menos três grupos dentre os 43 que completaram o desafio. Mais ou menos de acordo com as três notas possíveis. Havia aqueles que simplesmente preencheram as informações, ou seja, cumpriram com os critérios. Teve um segundo grupo que se preocupou em dar o seu melhor: fez bonito, mas (sempre tem um ‘mas’, né?), mas limitou-se ao que foi pedido. Pedimos um post para o Facebook, lá estava o post para o Facebook. Pedimos um plano de ação, lá estava o plano de ação. Aqui, neste segundo grupo, já começamos a perceber grandes talentos. Alguns com ideias muito bacanas se encaixaram aqui. Ficaram nesse grupo também as pessoas que se destacaram muito em um dos critérios, ou em alguma coisa que nem mesmo tínhamos lembrado de pedir, mas que, para a gente, é muito importante.
Por exemplo, deste segundo grupo ficamos com os dados de um excelente designer gráfico, que nos impressionou muito. Não é a pessoa que queremos para o marketing. Não é o perfil. Mas, como designer gráfico, o cara manda muito bem. Já estamos em contato para trabalhos pontuais. Eventualmente até como freelancer, para a nossa próxima campanha de marketing. Outro exemplo bom: vídeo. Nem lembramos de vídeo, mas duas meninas youtubers, com excelente qualidade, apareceram por aqui. Também já estamos em contato.
E teve um terceiro grupo. Aquele que fez tudo o que foi pedido. Fez tudo com alta qualidade. E foi além! Pedimos um post para o Facebook, fizeram uma campanha inteira. Pedimos um plano em alto nível para o marketing, e fizeram um detalhado. E analisaram nosso site (www.zehnk.com), deram feedback, disseram o que poderia melhorar. Usaram o Zehnk, deram feedback também. Dedicaram-se de uma tal maneira e com tamanho afinco que a impressão que dava é que a vida deles dependia desse resultado. Dos 43, 10 ficaram nesse grupo. Qualquer um deles poderá ser nosso próximo, aliás, nosso primeiro analista de marketing. Mas eu, na verdade, queria contratar os 10! Aliás, se você estiver lendo este artigo e precisar de um analista de marketing digital, deixa eu finalizar a escolha e mando pra você o contato dos outros 9. São todos fera!
Na semana que vem, fazeremos as primeiras entrevistas. De 244 inscritos, 75 toparam o desafio. 43 conseguiram finalizar. 10 nos impressionaram muito. E, respeitando o ranking que criamos com os critérios definidos, vamos conhecer pessoalmente os 5 primeiros colocados.
Finalizando
Estamos vivendo algo diferente, que jamais imaginaríamos passar em um processo de seleção: cada material produzido, com carinho, com cuidado; cada linha de texto redigida nos encheu de orgulho. Os comentários que os participantes fizeram, também. Muitos comentários foram de “tirar cisco do olho”. Para dar uma amostra (mais comentários na Parte 3 deste artigo), e para terminar esta primeira parte, deixo vocês com este aqui, recebido por e-mail (spoiler para a parte 3 deste artigo):
Oi André tudo ótimo e você?
Obrigada pela oportunidade, eu realmente gostei de participar desse processo. Foi divertido, intenso e desafiador.
Espero que encontre a pessoa certa para essa vaga, apesar de querer muito que seja eu :), entendo que existe momento certo para tudo. Torcerei muito para que cresçam e se fortaleçam e me chamem para fazer parte dessa empresa brasileira que já nasce internacional.
Vou recomendar a ferramenta, pois acredito nela e na proposta.
Abraço
Paula Porto
Talvez um dia Zehnker
Não foi legal esse “Talvez um dia Zehnker”? Quase mudei tudo e a contratei ali, naquele momento. 😉 Aliás, ela continua com chances já que é uma entre os 10 primeiros. O processo segue semana que vem.
Na próxima parte deste artigo, passarei alguns números que conseguimos extrair ao longo desta semana. Quanto pretende ganhar um candidato a analista de marketing digital? Qual a senioridade dos candidatos? Como se saíram nos critérios que definimos? Entre outras análises. Aguarde.
Aquele abraço
André Fleury – andre@zehnk.com
5 Replies to “Como ‘Gameficamos’ o Processo de Seleção da Zehnk. Parte 1 de 3.”
Todo o processo foi muito bom. Eu não fui mais fundo pois tinha uma informação que qualquer coisa idealizada/feita por mim, nesse processo, seria da ZEHNK mesmo eu não sendo aproveitado. Isso me preocupou e travou o meu desenvolvimento. Para o futuro pense em alguma coisa que de, aos candidatos, uma segurança para as suas criações.
Abs,
Obrigado pelo comentário, Carlos. E que bom que você tocou neste ponto. Realmente, alguns candidatos me contactaram com a mesma questão. A nossa ideia nunca foi usar o material criado por qualquer candidato, para fins puramente publicitários, nem faria sentido do ponto de vista do marketing. Porém, poderíamos querer usar como exemplo do processo de seleção que fizemos (quem sabe até no próximo capítulo deste artigo) e, eventualmente, poderíamos fazer aluns posts com os melhores para perceber a reação dos nossos seguidores. Como não sabíamos o que seria feito nas próximas etapas (todo este processo foi novo para a gente, fomos criando enquanto fazíamos), precisávamos nos resguardar. Mas entendo totalmente o seu ponto e fica a lição para a gente. Nos próximos buscaremos ser mais claros nesta comunicação.
De qualquer forma, de novo, agradeço muito seu comentário e também a sua participação no processo. Um grande abraço e até a próxima.
Realmente vocês sabem fazer uma ação PR e Inbound raros, estou amando ver tudo isto ;0)
Oi Neto. Obrigado pelo carinho. Na verdade somos novatos nisso… estamos aprendendo muito.